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Quatro práticas para aprender com os confinamentos do PR

Com o reconhecimento do Paraná como zona livre de febre aftosa sem vacinação, as fazendas superam desafios de reposição do gado com ciclo completo de produção e redução de custos
confinamento bovino

Desde 2021, o Paraná é reconhecido internacionalmente como área livre de febre aftosa sem vacinação. Em maio daquele ano, a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) concedeu ao estado, como um reconhecimento pelo bom trabalho de sanidade agropecuária, uma credencial para abrir mercado, com possibilidade de comercialização a países que pagam melhor pela carne.

Essa foi uma conquista comemorada pelos pecuaristas da região, mas que trouxe consigo alguns desafios, como, por exemplo, a aquisição de bovinos de reposição para o confinamento, conforme visto durante a expedição Confina Brasil 2024, que passou toda a semana visitando confinamentos do Paraná.

Os técnicos da Scot Consultoria, organizadora do Confina Brasil, passaram pelas cidades de Tamarana, Mandaguari, Campo Mourão, Janiopolis, Paranavaí, Amaporã, Tapira, Mirador e Rondon, ao longo de cinco dias.

“Desde que entramos no Paraná, percebemos que a reposição do confinamento é um grande desafio, visto que, com o bloqueio da entrada de bovinos de reposição de outros estados que não possuem o reconhecimento pela OIE, limita-se a oportunidade de buscar bovinos de qualidade e com bons preços. Por isso, parte considerável dos confinamentos da região Noroeste do Paraná opta por fazer ciclo completo com cria, recria e engorda, precisando se adaptar para diminuir custos de produção por arroba”, comenta a equipe do Confina Brasil.

Os confinamentos paranaenses têm suas particularidades e diferentes alternativas para fazerem o ciclo completo do gado confinado.

Uma das propriedades visitadas realiza todo o ciclo de forma intensiva, sendo que em cada fase trabalha com dietas diferentes, mas com 100% da operação executada dentro do confinamento.

Outra maneira do manejo para o ciclo completo encontrada no Paraná é a recria suplementada no pasto para entrar com esses animais com peso mais avançado no confinamento, fazendo um ciclo mais curto e com o maior rendimento possível.

O ciclo completo pode ser mais oneroso, por isso, os pecuaristas paranaenses precisam de estratégias para driblar os custos, oferecer gado de qualidade para as cooperativas e alcançar o maior aproveitamento de carcaça com menor custo possível.

As 4 lições dos confinadores paranaenses

Foto por: Bela Magrela

Eficiência nutricional

Solução para parte do corte de custos está na dieta dos bovinos. Nas visitas aos confinamentos do Noroeste do Paraná, destacou-se a utilização de co-produtos na dieta dos bovinos e outras soluções na alimentação do gado para a redução de custos.

A mandioca, por exemplo, é um cultivo comum na região, sendo que a maioria das propriedades visitadas utilizam algum co-produto na alimentação do gado, como massa de mandioca, casquinha e silagem de parte aérea, garantindo eficiência nutricional ao mesmo tempo que se economiza com outros ingredientes na ração.

Outro destaque é a produção de silagem de milho snaplage – é o nome em inglês do que no Brasil chamamos de silagem da espiga de milho -, um alimento energético e ao mesmo tempo fibroso. No snaplage, toda palha, sabugo e milho entram na ração dos bovinos, aproveitando ao máximo o cultivo do vegetal.

Um dos confinamentos visitados conta com tecnologia para o processamento de soja em grãos. A ideia dos proprietários é iniciar a comercialização de óleo de soja e introduzir o farelo produzido na nutrição dos bovinos confinados.

As propriedades possuem um ponto comum: aproveitam ao máximo as lavouras que cultivam, combinando os co-produtos com outros ingredientes e suplementos, garantindo ganho de peso do gado confinado a um custo mais baixo.

Investir em sustentabilidade traz economia a médio e longo prazos

A sustentabilidade foi um ponto que chamou a atenção durante as visitas aos confinamentos no Paraná.

Uma das propriedades conta com um sistema de captação da água da chuva. Essa água é armazenada em reservatório e retorna ao confinamento para limpeza dos currais, por exemplo.

Este mesmo confinamento está construindo uma área para alocar um biodigestor. Para facilitar o processo de limpeza dos currais e recolhimento dos dejetos, todas as baias do confinamento foram concretadas. O dejeto sólido produzido já é utilizado para fertilização das lavouras da propriedade. Com a implementação do biodigestor, a parte líquida também será destinada a melhorar a qualidade do pasto e outros cultivos.

Em outra propriedade visitada, boa parte do confinamento é coberta com placas solares, possibilitando a autossuficiência energética.

Para uma das propriedades, que tem a mandioca como carro chefe, além da massa, casquinha e farelo utilizados na alimentação do gado confinado, a água residual da indústria de mandioca é utilizada para fertirrigação nos pastos destinados à produção de feno.

São investimentos com retornos a médio e longo prazos, que além de contribuírem para o manejo ambientalmente correto, também otimizam recursos financeiros.

Processo de seleção e melhoramento genético antecipam ciclo produtivo

Durante a expedição Confina Brasil 2024, a diversidade de raças de bovinos e os programas de melhoramento genético nos confinamentos do Paraná ficaram evidentes. O objetivo principal é o abate de bovinos cada vez mais jovens, mas com alto aproveitamento de carcaça, encurtando todo o ciclo produtivo. 

Um dos confinamentos se destaca pelo processo de seleção e abate de bovinos jovens de alta qualidade. A propriedade realiza a cria a pasto, terminação intensiva a pasto e engorda no confinamento. A terminação a pasto é voltada principalmente para vacas, enquanto no confinamento são engordadas novilhas descartadas da monta e machos.

Em outra propriedade, os bovinos são de cruzamento britânico sintético, Angus, com genética vinda da Argentina. Nesse caso, os gestores realizam a compra de bezerros e a recria na propriedade, com 100% dos animais no confinamento vindos de recria própria.

Foto por: Bela Magrela

Outro confinamento preferiu apostar em um meticuloso programa de cruzamento genético da raça brangus, alcançando até o momento a sétima geração do gado confinado.

Parcerias fortes com cooperativas gera relação de ganha-ganha

O resultado financeiro de uma propriedade também depende, muitas vezes, de fortes parcerias da porteira para fora. No caso do estado do Paraná, há um notável cooperativismo no setor agropecuário. Exemplos incluem a Maria Macia, Padrão Beef, Aliança e Quality, que são cooperativas que atendem o mercado de carne e operam em parceria com seus cooperados. Essas parcerias são essenciais para os produtores atingirem os padrões exigidos pelas cooperativas.

A qualidade da reposição é crucial para atender aos padrões das cooperativas. Muitos produtores dependem de parcerias com fazendas de cria para obter bezerros de qualidade superior, geralmente resultantes de cruzamento industrial. As parcerias permitem pagar mais pelo bezerro sabendo que haverá um retorno maior no futuro.

Com as cooperativas, se fecha o ciclo produtivo do confinamento, com o ganho para o pecuarista e para a cooperativa, que recebe carne padronizada e de qualidade. 

Patrocinadores e Parceiros – Juntos pelo mesmo propósito

Para executar sua missão, o Confina Brasil possui o apoio de importantes empresas do agro. São patrocinadores “Ouro” em 2024:

Casale

Coimma

Currais Itabira

Grupo IFB

Inpasa

Nutron

Na cota Prata, contamos com a parceria:

Marcher

Padroniza

Nos levando de Norte a Sul, temos o apoio da nossa montadora oficial: Mitsubishi Motors.

Para análises dos dados coletados e desenvolvimento de estudos, contamos com o apoio de instituições de renome: Embrapa Pecuária Sudeste e Embrapa Agricultura Digital.

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